sexta-feira, 11 de julho de 2014

DIVISADERO (Michael Ondaatje)

Partindo de uma ruptura familiar o livro percorre seus caminhos contando a vida dos personagens, ora de forma crua, mundana, ora num arroubo poético pouco usual, dando leveza à leitura. Basicamente são reminiscências de vidas separadas e de outras vidas que se entrelaçam às dos personagens ao longo da narrativa. Atento aos detalhes, situa o leitor como se o mesmo fosse presença física nos locais descritos, sem no entanto se tornar cansativo e prolixo. Se, por um lado, a trama não era o que eu esperava, por outro lado a riqueza da narrativa prendeu suficientemente minha atenção e trouxe-me o desejo de seguir até o final da leitura. Não fosse a maestria do autor, usando as palavras para tecer com delicadeza e colorido a trama de certo modo banal, seria apenas uma história comum. Excelente contador de história, preciso conhecer outras obras suas.
SINOPSE: Na zona rural do norte da Califórnia, nas últimas décadas do século XX, um pai viúvo cria sua filha Anna ao lado de dois filhos adotivos: Claire, nascida no mesmo dia que Anna, também de mãe falecida no parto, e Coop, único sobrevivente de um terrível massacre na fazenda vizinha. Eles crescem juntos no condado de Petaluma, até que um ato de amor adolescente entre Anna e Coop transforma-se num ato de violência que parte a vida dos irmãos de criação para sempre. Coop passa os anos seguintes ganhando a vida nas mesas de cartas, viajando por toda a costa da Califórnia. Claire torna-se procuradora pública em San Francisco. Anna, por sua vez, é a que mais se distancia de seu local de nascimento, pesquisando e revivendo a biografia do poeta francês Lucien Segura na fazenda em que este viveu entre o fim do século XIX e o início do século XX.
Distantes entre si, cada um desses personagens é divisado minuciosamente pelo escritor Michael Ondaatje, que constrói uma obra tanto sobre as agruras da separação quanto sobre os paralelos que restam mesmo em vidas à distância.

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