terça-feira, 17 de janeiro de 2012

A TRAVESSIA DA TERRA VERMELHA (Lucius de Mello)

Um bom registro histórico da época da segunda guerra mundial no Brasil. Narra a história das familias alemãs que se instalaram no Paraná nesse período e conviveram com as rígidas condições impostas por Getúlio Vargas aos imigrantes do eixo (Alemanha, Itália e Japão). Se houve algo que não apreciei foi a soberba de alguns que, mesmo em condições adversas, permaneceram se acreditando a "nata" da cultura, numa pose indecorosa de "cuspir no prato onde comem". Em contrapartida, também não apreciei o preconceito aberto existente. Se por um lado haviam pessoas com uma cultura mais acurada, por outro havia um povo a ser educado. No entanto, o que vi foram imigrantes tirando seu sustento e sua riqueza de terras brasileiras, mas não se dando ao trabalho (exceptuando-se alguns poucos) de, em troca disso, dividirem seu "alto grau cultural", seu "rico intelecto", com os caboclos brasileiros.
E, além disso, o "rico intelecto" dos imigrantes, tive a nítida impressão, veio também coroado de preconceitos contra o povo brasileiro, que contribuiu generosamente para que esses imigrantes não perecessem de fome ou falta de recursos.
É certo que o povo europeu possui uma vasta riqueza cultural, a ser admirada e respeitada. Entretanto, os imigrantes que se instalaram no Paraná demonstraram também uma outra face, onde constatei oportunismo, imoralidade, enfim, os primeiros indícios de uma grande falência social.
SINOPSE: Conta a saga das famílias alemãs, judias e cristãs, que fundaram a cidade de Rolândia. Para escrever o romance o autor ouviu, praticamente, todos os descendentes diretos dos pioneiros no Brasil e na Alemanha.
Naquela época a região de Rolândia era uma verdadeira selva. Fugindo da perseguição nazista, os refugiados judeus atravessaram o oceano Atlântico, embarcaram no trem até o Paraná e acabaram encontrando alemães nazistas em plena floresta, no interior do Brasil. O livro mostra fotos das festas que os nazistas realizavam para comemorar o aniversário de Hitler, o contraste entre as bandeiras nazistas e o verde das florestas brasileiras.
Entre os refugiados judeus estavam médicos, físicos, botânicos, artistas, advogados, juristas, professores universitários que foram obrigados a deixar a vida confortável que levavam na Alemanha para plantar mandioca e cuidar de porcos no Brasil.
Ajudados por um ex-deputado do partido católico alemão, pouco antes de Hitler começar a matança dos judeus, eles conseguiram retirar parte do dinheiro que tinham e comprar terras no Brasil. Esse ex-deputado católico também morou no mesmo refúgio com a família.
O livro conta as dificuldades que essa gente teve que enfrentar no meio do mato, as doenças, os insetos, os bichos, o preconceito, a falta de socorro médico, a saudade dos amigos e parentes que não conseguiram fugir e morreram nos campos de concentração. Esse povo acompanhava as notícias da guerra por um único rádio que a polícia política só permitiu que ficasse na colônia porque pertencia a um imigrante polonês.

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