quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

RATOS (Gordon Reece)

Uma leitura que nos coloca em dubiedade. São construidas anti-heróinas e, embora todo mundo busque praticar o bem, ser politicamente correto, o fato é que a narrativa me colocou torcendo muito para que tudo corresse bem para as personagens centrais. Me peguei, diversas vezes, tentando encontrar soluções para os percalços enfrentados por mãe e filha, afim de que não fossem penalizadas pela sociedade. O forte desejo de que os atos praticados passassem impunes permeou a leitura. Assim também ocorreu com o desejo de revidar, de vingar as maldades sofridas por mãe e filha. Fiquei com a incomoda sensação de que o lado mau das pessoas, em certas situações, é perfeitamente justificável e aceito. Alías, não apenas aceito, mas sim desejado. Naturalmente que tal sensação é incomoda porque, de repente, qualquer motivo passa a justificar atitudes de que não devem ser encorajadas. Na trama, os atos de mãe e filha são plenamente justificados, entretanto, é essa mesma justicativa que poderá levá-las a perpetrar seus atos, posteriormente,  mesmo em situações menos complexas . Com isso, cria-se o receio de que, em caso de mínima contrariedade, uma vez acostumadas a resolver suas diferenças com atitudes extremas, acabem por recorrer aos metodos já utilizados. Um ótimo livro, na medida em que nos faz repensar nossos conceitos todos sobre certo e errado e nos alerta para os limites que cada um de nós carrega dentro de si.. Uma trama igualmente empolgante e catártica. Recomendo.
SINOPSE: Shelley e a mãe foram maltratadas a vida inteira. Elas têm consciência disso, mas não sabem reagir — são como ratos, estão sempre entocadas e coagidas. Shelley, vítima de um longo período de bullying que culminou em um violento atentado, não frequenta a escola. Esteve perto da morte, e as cicatrizes em seu rosto a lembram disso. Ainda se refazendo do ataque e se recuperando do humilhante divórcio dos pais, ela e a mãe vivem refugiadas em um chalé afastado da cidade. Confiantes de que o pesadelo acabou elas enfim se sentem confortáveis, entre livros, instrumentos musicais e canecas de chocolate quente junto à lareira. Mas, na noite em que Shelley completa dezesseis anos, um estranho invade a tranquilidade das duas e um sentimento é despertado na menina. Os acontecimentos que se seguem instauram o caos em tudo o que pensam e sentem em relação a elas mesmas e ao mundo que sempre as castigou. Até mesmo os ratos têm um limite.

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