terça-feira, 2 de agosto de 2011

DIÁRIO DE GUANTÁNAMO - Os detentos e as histórias que eles me contaram (Mahvish Rukhsana Khan)

Um livro que assusta por mostrar a monstruosa face do mal. Nesse presídio cubano, onde os americanos mantêm "pretensos" terroristas, pode-se conhecer histórias inimagináveis de tortura, arbitrariedade e bestialidade. Embora não se conheçam os nomes dos carrascos, isso deixa de ter importância, afinal o que a autora pretendeu foi denunciar horrores perpetrados e não algozes de menor importancia. Senti o perigo da paranóia coletiva, a similaridade assustadora com o holocausto judeu.
Registro muito bem elaborado. Embora o cuidado minucioso em observar as restrições impostas pelas autoridades americanas, o que é narrado - ou seja, a versão dos prisioneiros e os pareceres e histórias de advogados e da própria autora - demonstra como seres humanos considerados normais podem se tornar bestiais de um momento para o outro, exibindo sua bestialidade como se esta fosse motivo de orgulho e poder.
Os relatos dos prisioneiros, a grande maioria de homens inocentes, sobre as torturas e humilhações, juntamente com a completa falta de um julgamento legal, são tão assustadores que chegam a ser surreais. Inimagináveis e abjetos, os acontecimentos narrados de forma bastante suscinta revelam a facilidade com que o poder, em mãos erradas e arbitrárias, pode transformar-se posteriormente na vergonha de uma nação, como ocorreu com a Alemanha na nefasta época do nazismo.

SINOPSE: Descendente de pais afegãos, a americana Mahvish R. Khan foi aceita como intérprete de supostos terroristas na prisão de Guantánamo, em Cuba. Khan entrou inesperadamente em contato com os homens que Donald Rumsfeld chamou de "os piores dos piores". Determinada a preservar o direito a um julgamento justo, a autora revela a cruel realidade daquele lugar onde a tortura e a humilhação são procedimentos padrão nas interrogações dos prisioneiros em busca de confissões e acusações, muitas vezes, infundadas. Um depoimento impressionante sobre como o sentimento de ódio e vingança pode cegar toda uma nação.

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