sexta-feira, 1 de agosto de 2014

A MENINA QUE NINGUÉM QUERIA (Celine Roberts)

Fechando o bimestre com uma leitura que me deixou numa ambiguidade profunda, sem saber se me sentia horrorizada, triste, indignada... Talvez o certo é que todas essas emoções derivadas da ira deslizaram junto com a leitura. Num primeiro momento, o contato com toda a sordidez que envolveu a infância da autora me estarreceu e a inércia da igreja católica, através de seus padres e freiras, me envergonhou. Depois, as lutas travadas na fase adulta por aceitação junto aos pais e irmãos sanguineos espelharam a completa ausência de auto estima, o despreparo de quem não contou com o respaldo psicológico necessário. Também deu mostras da venalidade de referida familia, do oportunismo da maioria de seus membros. A autora acabou realizando-se profissionalmente, vindo a ter uma vida bem mais estabilizada do que se suporia por seu passado abjeto, entretanto, sua mente e suas emoções, pela carência do apoio psicológico imprescindível, são alquebradas, frágeis... O reflexo do passado nega-lhe uma vida plena e é lamentável que, sendo a única prejudicada ainda assim é a única punida pela falha de tantos...
SINOPSE:  Contava apenas sete anos e trazia o vestido da primeira comunhão quando foi violada pela primeira vez. A segunda violação ocorreu dois meses depois. Celine foi então considerada iniciada em matéria de sexo. Ilegítima e indesejada, estava agora pronta para ser prostituta infantil - tendo justamente como proxeneta a sua mãe de acolhimento. Fracturaram-lhe ossos, partiram-lhe o nariz, comeu cera de velas para se manter viva - sempre convencida de que estava a ser castigada. Passados seis longos anos, Celine, então com treze anos, foi finalmente salva e enviada para uma Escola Industrial. Tentou juntar os cacos da sua vida destroçada e, alguns anos mais tarde, iniciou estudos de Enfermagem. Ao mesmo tempo, começou também a procurar os pais biológicos. Mas os seus abalados instintos de sobrevivência mal conseguiram suportar o choque decorrente do que veio a saber. Cheio de tragédia mas também de esperança e coragem, este livro é um testemunho comovente do triunfo de uma mulher sobre o seu passado brutal.

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