quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

CHUVA DOURADA (Gina B. Nahai)

Diferentemente de outros livros, onde a leitura se arrasta, este me surpreendeu. O contato com outro tipo de cultura, de crenças, de costumes, é sempre enriquecedor. Me senti favorecida porque acredito que seja muito dificil ser mulher em determinadas partes do mundo. Chocante e triste a vida da menina Yaas, a narradora, que descortina um cenário de uma solidão palpável, visceral, onde certos costumes e crenças têm o poder de condenar um ser humano acometido por uma deficiência, unicamente por ser mulher, ao que poderia ser chamado de "não vida". Há uma certa poesia na narração, como se a menina de 12 anos, cujo futuro se desfaz em um nada gigantesco, desejasse não chocar o leitor, e não chamar para si uma piedade que não cabe no universo onde vive.
SINOPSE: Na década anterior à Revolução Islâmica, o Irã é um país à beira de uma explosão. Yaas é uma menina de 12 anos que nasce em uma família já divida. Seu pai, Omid, é filho de judeus iranianos muito ricos, pertencentes à classe alta do país. Sua mãe, Bahar, cresceu nos guetos de Teerã do Sul. Omid escolhe se casar com Bahar não pela beleza, mas porque acha que ela será uma mulher submissa. O casamento é um desastre. Omid tira Bahar do gueto, mas o estigma de garota pobre permanece por toda sua vida. Ele proíbe, ainda, que sua mulher continue os estudos. Após vários acontecimentos infelizes, Bahar se decepciona com o nascimento de uma menina, quando todos previam a chegada de um menino. Yaas é o nome que escolhem para a filha, que passa sua infância transitando pelas várias classes da sociedade iraniana. A difícil tarefa de Yaas de aproximar seus pais se torna crítica quando Omid se apaixona por Niyaz, uma linda mulher de uma nobre família muçulmana, e o casamento começa a desmoronar com a exposição pública do relacionamento extraconjugal. Enquanto Bahar sofre com a solidão e a vergonha, Yaas é atormentada por uma misteriosa e terrível enfermidade. Em Chuva Dourada, a escritora iraniana Gina B. Nahai nos traz um romance extremamente detalhista e poético, repleto de personagens ricos e extravagantes, como a Dançarina de Tango, a Irmã Pomba e o misterioso Irmão Fantasma, o irmão de Bahar que morreu quando tinha dez anos de idade, mas que não consegue aceitar o fato.
Nesse incrível cenário, a inocente Yaas luta para entender seu papel e o motivo de ser um fardo, e não uma alegria, para os pais. O resultado é emocionante: uma alma perdida, devastada pela humilhação, ansiando apenas por uma pequena dose de amor. Ao mesmo tempo um exame cultural de uma sociedade ainda estranha para nós e um estudo psicológico dos efeitos da perda, Chuva Dourada nos conduz por esse mundo trágico e fascinante de uma garota destemida lutando contra obstáculos intransponíveis.

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