Uma narrativa cansativa, prolixa, toda ela voltada para os sentimentos e as atitudes mais baixas, mais degradantes que os seres humanos podem nutrir. Nenhuma perspectiva de redenção, nenhum sopro de vida saudável, nenhum vislumbre de sentimentos positivos. A narrativa toda chega a ser asfixiante, deprimente. E a quem me pergunte porque não abandonei o livro sem terminar a leitura, muito arrastadamente, de suas 575 páginas, só posso dizer que tive esperança de um final apoteótico, capaz de redimir a mesmice abissal da obra. Também me obriguei pelo preço "salgado" do livro. Acredito que seja o livro com o qual menos me identifiquei este ano.
SINOPSE: O assassinato de duas prostitutas, ambas ex-estudantes de uma escola
para moças de elite em Tóquio, é o ponto de partida do romance
Grotescas, que reconstitui a vida das duas vítimas e da narradora do
livro, irmã de uma e ex-colega de escola da outra. Filha de uma japonesa
e um suíço, a narradora sem nome é atormentada ao longo de toda sua
vida por profundos sentimentos de inadequação e rancor, frutos de sua
origem mestiça e da constante comparação com sua irmã, Yuriko, dotada de
uma beleza fora do comum.
Em Grotescas, a prestigiada Natsuo Kirino deixa de lado a investigação
policial para compor um painel de vidas torturadas ocultas sob uma
aparência de normalidade, esmagadas pela dificuldade de adequação aos
códigos sociais, cujo potencial jamais se realiza, e ilustra um Japão
raramente retratado na ficção.
A narradora do romance investiga o que teria levado duas ex-alunas de um
colégio de elite a prostituir-se nas ruas; reconstrói as memórias de
sua família e da difícil relação com a irmã; as dificuldades de
aceitação na elitista Escola Q Para Moças, com seu rígido sistema de
castas definidas por origem, renda e aparência e sua obsessão pela
genética, que a leva a imaginar a aparência de filhos que teria com os
homens que conhece e a comparar as pessoas a plantas e a animais
pré-históricos.
Ao receber o diário da irmã após sua morte, a narradora cede espaço a
Yuriko, que relata em primeira pessoa a descoberta da sensação de poder e
libertação que o sexo lhe confere, além de confessar como extraía
prazer de sua própria degradação. A outra vítima, Kazue, estudante de
família pobre extremamente ambiciosa e esforçada, embora incapaz de
compreender os códigos de comportamento das estudantes do colégio Q,
sofre constantemente ao tentar ajustar suas possibilidades às suas
ambições, o que atrai o desprezo da narradora.
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