sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

A COSTUREIRA E O CANGACEIRO (Frances de Pontes Peebles)

A obra é um excelente panorama dos sertões brasileiros e da politica na época do cangaço (1920/1935). Muito bem escrito, me transportou e me fez conhecer a caatinga e as mazelas daqueles que viveram sob o jugo da seca, da pobreza extrema, das separações, da falta de escolha... Os personagens foram vividos, muito bem trabalhados. Traições, horrores, crendices, progresso, precocidade, sabedoria, permeiam a história do inicio ao fim. 
Não saberia dizer, ao final da leitura, quem amei e quem odiei. Não poderia elencar nenhum personagem como sendo digno de admiração ou respeito.
Se por um lado, as personagens femininas trazem encantamento, ternura e solidariedade, por outro, suas atitudes (nem sempre obrigatórias ou por completa falta de opção) trazem horror, são eivadas de uma maldade gratuita ou muito acima do que seria necessário. 
Os personagens masculinos, mesmo os mais destacados, jamais poderiam ser classificados como heróis. A barbárie de seus feitos almejam ser desculpadas pela pobreza, pela fome, pela pressão social.  Mostram-se apagados, tacanhos,  infantis e venais quando comparados às mulheres da epoca. Dignos de desprezo.
Por tais motivos, dificil eleger heróis.
Em uma sociedade machista a obra nos dá a perceber a grandeza feminina, quer para o bem, quer para o mal. 
Para quem aprecia história, o livro, embora ficção, é bem fiel à epoca que retrata. Indico a leitura.
A meu ver, este livro é um sério candidato às telas de cinema, com bilheteria e premiação garantidas.
SINOPSE: Na pequena Taquaritinga do Norte, Emília e Luzia aprendem desde cedo o ofício da tia, a melhor costureira da região. Em meio a moldes, fazendas, linhas e agulhas, as moças vão tecendo caminhos inesperadamente opostos. Luzia é incorporada a um bando de temíveis cangaceiros e vai viver com eles no sertão. Emília encontra no casamento a sua passagem para a tão sonhada vida na capital, o Recife. Sertão e cidade desafiam as irmãs a se transformarem, mas o laço que as une não se abala com as mudanças, e elas farão de tudo para tentar proteger uma à outra. 

Um comentário:

  1. O livro também me fez entender a logica de terem existido os "Coronéis". e creio que o fato deles terem existido, fez com que surgissem os Cangaceiros. Valeu muito ter lido, recomendo a quem tiver o bom gosto de conhecer um pouco sobre um passado que mostra um momento onde manter-se vivo era o maior objetivo.

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