Não se trata apenas de economia ou de você de repente conseguir encontrar um livro antigo e dificil de encontrar. É mais que isso... Me lembra a minha adolescência e um costume que eu amava: o de escrever e receber cartas. A troca de livros é algo bem semelhante. Enquanto embalo um livro para enviar a uma pessoa desconhecida, muitas vezes moradora de um local onde nunca estive, penso na história e nas emoções que aquele livro me passou, penso na pessoa que o receberá, alguém que também não me conhece e que, na maioria das vezes, não conhece minha Cidade ou meu Estado. E, aquele livro que envio, normalmente com um pequeno bilhetinho (é dificil saber o que dizer para uma pessoa que não conhecemos...) que é para não ser tão impessoal, porque eu sou uma pessoa e o outro (o que vai receber meu livro) também é um ser humano, de carne, osso, emoções... Aquele livro que envio, que esteve na minha cabeceira, que conheceu parte dos meus costumes (comer e ler ao mesmo tempo; deitar no sofá e mergulhar na leitura a ponto de não ouvir nem o telefone tocando; passear comigo, dentro da bolsa, quando vou ao dentista ou qualquer outro local de espera e etc), aquele livro leva uma parte de mim: o toque de minhas mãos aos folheá-lo, a energia de minha mente enquanto os olhos passeavam pelas palavras presas no papel, o eco do meu riso ou a sombra de minha lágrima... E aí, um pedacinho de mim viaja, vai junto com o livro, numa aventura errante, conhecer aquela pessoa que para mim, muitas vezes, é também sem rosto (sem foto no skoob). Fico pensando em como o livro será recebido, se com sorriso, com alegria, se o momento em que chegou era um bom momento para aquela pessoa, se ela tem pressa em abrir, conferir o estado do livro, achar legal (ou não) ter um bilhetinho junto...
E tem, também, e não menos importante, a minha parte: o livro que me é enviado. Tem a minha espera, a minha espectativa, o recebimento, o abrir o pacote com cuidado para conferir o livro. Quando eu o seguro, assim que recebo, procuro imaginar a pessoa que me enviou, como é o caminho dela até os correios, como é a cidade de onde o livro veio (quando não conheço)... Fico pensando se onde o livro morou antes de chegar a mim, conhecia uma rotina meio que semelhante à minha, pensando na energia que o livro trouxe consigo, "roubada" do dono anterior...
Algumas vezes, minha filha ou meu pai, quando me vêem embalando um livro com tanto cuidado, comentam sobre essa minha mania de fazer embrulhos... Aprendi com uma pessoinha muito especial que não é o conteúdo o que realmente importa (embora não seja menos importante, é claro), mas que a gente percebe o respeito, o carinho, que uma pessoa tem para com a gente, pela forma como o embrulho é feito... Acredito que seja verdade.
Fico torcendo para que a pessoa que recebeu meu livro goste da história, sinta muito prazer com a leitura, e, de quebra, que sinta parte das vibrações positivas que eu tento enviar junto. É por essas coisas que eu gosto tanto de trocar livros.

Comente
Postar um comentário
Agradeço seu comentário. Peço a gentileza de observar as regras de urbanidade e respeito.