Recebi por email, da Diva Laurinha, uma das super queridas desse grupo virtual, o Divas, um texto de Hilda Lucas.
E eu, que leio tanto e há tanto tempo, não conhecia nenhum texto dessa colunista inteligente do site http://mdemulher.abril.com.br. Que falha enorme a minha!!!
Uma mulher jovem, sorridente, talentosa, que escreve sobre "as alegrias e angústias das mulheres diante de um mundo complexo e fascinante", segundo suas próprias palavras.
Rendo minhas homenagens a ela, reproduzindo abaixo o texto que chamou minha atenção e cativou minhas antenas de leitora:
"Mãe é aquele ser estranho, louco, capaz de
heroísmos, dramas e breguices com a mesma fúria; paga mico, escreve
carta para Papai Noel, se faz passar por fadinha do dente, coelho da
páscoa, cuca, pede autógrafo para artistas deploráveis, assiste a
programas, peças, shows horríveis, revê milhares de vezes os mesmos
desenhos animados, conta as mesmas histórias centenas de vezes, vai pra
Disney e A-D-O-R-A!
Mãe faz escândalo, tira satisfação com professor, berra em público, dá vexame, deixa a gente sem graça, compra briga; é espaçosa, barulhenta, tendenciosa, leoa, tiete, dona da gente. Mãe desperta extremos, ganas, irrita, enlouquece, mas... É mãe.
Mãe faz promessa, prestação, hora extra, pra que a gente tenha o que é preciso e o que sonha. Mãe surta, passa dos limites, às vezes até bate, diz coisas duras; mãe pede desculpas, mortificada... Mãe é um bicho doido, louco pela cria. Mãe é Visceral!
Mãe chora em apresentação de balé, em competição de natação, quando a filha menstrua pela primeira vez, quando dá o primeiro beijo, quando vê a filha apaixonada no casamento, no parto... Xinga todo e cada desgraçado que faz a filha sofrer, enlouquece esperando ela chegar da balada, arranca os cabelos diante da morte...Mãe é uma espécie esquisita que se alterna entre fada e bruxa com um naturalidade espantosa. É competente no item culpa e insuperável no item ternura, mas pode ser virulenta, tem um lado B, às vezes C, D, E... Mãe é melosa, excessiva, obsessiva, repulsiva, comovente, histérica, mas não se é feliz sem uma. Mãe é contrato: irrevogável, vitalício instransferível!
Mãe lê pensamento, tem premonição, sonhos estranhos. Conhece cara de choro, de gripe, de medo; entra sem bater, liga de madrugada, pede favor chato, palpita e implica com amigos, namorados, escolhas. Mãe dá a roupa do corpo, tempo, dinheiro, conselho, cuidado, proteção. Mãe dá um jeito, dá nó, dá bronca, dá força. Mãe cura cólica, porre, tristeza, pânico noturno, medos. Espanta monstros, pesadelos, bactérias, mosquitos, perigos. Mãe tem intuição e é messiânica: Mãe salva. Mãe guarda tesouros, conta histórias e tece lembranças. Mãe é arquivo!
Mãe exagera, exaure, extrapola. Mãe transborda, inunda, transcende. Ama, desmama desarma, denota, manda, desmanda, desanda, demanda. Rumina o passado, remói dores, dá o troco, adora uma cobrança e um perdão lacrimoso.
Mãe abriga, afaga, alisa, lambe, conhece as batidas do nosso coração, o toque dos nossos dedos, as cores do nosso olhar e ouve música quando a gente ri. Mãe tem coração de mãe!
Mãe é pedra no caminho, é rumo; é pedra no sapato, é rocha; é drama mexicano, tragédia grega e comédia italiana; é o maior dos clássicos; é colo, cadeira de balanço e divã de terapeuta... Mãe é madona-mia! É deus-me-acuda; é graças-a-Deus; é mãezinha-do-céu, é a-mãe-é-minha--eu-mato-quando-quiser; é a que padece no paraíso enquanto nos inferniza... Mãe é absurda e inexoravelmente para sempre e é uma só: não há Mistério maior! Só cabe uma mãe na vida de um filho... e olhe lá! Às vezes, nem cabe inteira. Mãe é imensurável!
Mãe é saudade instalada desde o instante em que descobrimos a morte.
Mãe é eterna, não morre jamais. Bicho estranho, entranha, milagre, façanha, matriz, alma, carne viva, laço de sangue, flor da pele. Mãe é mãe, e faz cada coisa..."
Mãe faz escândalo, tira satisfação com professor, berra em público, dá vexame, deixa a gente sem graça, compra briga; é espaçosa, barulhenta, tendenciosa, leoa, tiete, dona da gente. Mãe desperta extremos, ganas, irrita, enlouquece, mas... É mãe.
Mãe faz promessa, prestação, hora extra, pra que a gente tenha o que é preciso e o que sonha. Mãe surta, passa dos limites, às vezes até bate, diz coisas duras; mãe pede desculpas, mortificada... Mãe é um bicho doido, louco pela cria. Mãe é Visceral!
Mãe chora em apresentação de balé, em competição de natação, quando a filha menstrua pela primeira vez, quando dá o primeiro beijo, quando vê a filha apaixonada no casamento, no parto... Xinga todo e cada desgraçado que faz a filha sofrer, enlouquece esperando ela chegar da balada, arranca os cabelos diante da morte...Mãe é uma espécie esquisita que se alterna entre fada e bruxa com um naturalidade espantosa. É competente no item culpa e insuperável no item ternura, mas pode ser virulenta, tem um lado B, às vezes C, D, E... Mãe é melosa, excessiva, obsessiva, repulsiva, comovente, histérica, mas não se é feliz sem uma. Mãe é contrato: irrevogável, vitalício instransferível!
Mãe lê pensamento, tem premonição, sonhos estranhos. Conhece cara de choro, de gripe, de medo; entra sem bater, liga de madrugada, pede favor chato, palpita e implica com amigos, namorados, escolhas. Mãe dá a roupa do corpo, tempo, dinheiro, conselho, cuidado, proteção. Mãe dá um jeito, dá nó, dá bronca, dá força. Mãe cura cólica, porre, tristeza, pânico noturno, medos. Espanta monstros, pesadelos, bactérias, mosquitos, perigos. Mãe tem intuição e é messiânica: Mãe salva. Mãe guarda tesouros, conta histórias e tece lembranças. Mãe é arquivo!
Mãe exagera, exaure, extrapola. Mãe transborda, inunda, transcende. Ama, desmama desarma, denota, manda, desmanda, desanda, demanda. Rumina o passado, remói dores, dá o troco, adora uma cobrança e um perdão lacrimoso.
Mãe abriga, afaga, alisa, lambe, conhece as batidas do nosso coração, o toque dos nossos dedos, as cores do nosso olhar e ouve música quando a gente ri. Mãe tem coração de mãe!
Mãe é pedra no caminho, é rumo; é pedra no sapato, é rocha; é drama mexicano, tragédia grega e comédia italiana; é o maior dos clássicos; é colo, cadeira de balanço e divã de terapeuta... Mãe é madona-mia! É deus-me-acuda; é graças-a-Deus; é mãezinha-do-céu, é a-mãe-é-minha--eu-mato-quando-quiser; é a que padece no paraíso enquanto nos inferniza... Mãe é absurda e inexoravelmente para sempre e é uma só: não há Mistério maior! Só cabe uma mãe na vida de um filho... e olhe lá! Às vezes, nem cabe inteira. Mãe é imensurável!
Mãe é saudade instalada desde o instante em que descobrimos a morte.
Mãe é eterna, não morre jamais. Bicho estranho, entranha, milagre, façanha, matriz, alma, carne viva, laço de sangue, flor da pele. Mãe é mãe, e faz cada coisa..."
oi San,
ResponderExcluirGrande texto, realmente. Parabéns para a autora.
Não sou mãe. Mas como filha só posso concordar com tudo que ela escreveu. A parte de ler pensamentos, ter premonição e sonhos estranhos é fato! Deve ser o instinto materno que aflora o zelo pela cria e fareja perigos à distância.
parabéns pelo blog. achei superbacana aqui/
bj
Obrigada pela visita Rosa Mattos. Pois é, esse texto da Hilda tem um quê de "espelho", onde a gente acaba de alguma forma se enxergando, quer como mãe, quer como filha/o, que gostei muito...
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